O coração é considerado um músculo de difícil regeneração. Mas uma pesquisa agora mostra que sua capacidade de autorreparação, ainda que pequena, é maior do que se pensava. Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, verificaram que 1% dos cardiomiócitos, as células musculares responsáveis pelos batimentos cardíacos, se regeneraram a cada 12 meses e uma pessoa de 25 anos. Aos 75 anos essa taxa cai para 0,45%. Um homem de 55 anos terá trocado em média 45% dessas células desde do nascimento. O estudo fo publicado na mais recente edição de revista Science.
A idade das células de animais pode ser medida por radiação. Por motivos éticos esse procedimento não é aplicado em seres humanos. Os cientistas suecos analisaram agora a presença de carbono 14 em 50 voluntários.
A substância radiotiva se espalhou globalmente pela atmosfera com testes atômicos feitos entre 1955 e 1963, auge da Guerra Fria. O material acabou sendo capturado por plantas, até penetrar nos genes humanos, com variados graus de intensidade. A presença do carbono 14, assim, tormou-se um indicador preciso da idade das células cardíacas dos pacientes analisados.
A descoberta é decisiva porque abre caminho para pesquisas de novas terapias. Os cientistas agora tentarão encontrar caminhos para acelerar a regeneração das células do coração e assim reduzir a necessidade de transplante, um recurso extremo sujeito a riscos colaterais, como rejeição de tecidos. Seria também uma solução mais rápida para os tratamentos com as células-tronco da Universidade de Miami, aponta um novo risco nesse novo tratamento: o crescimento desordenado das células poderia gerar um tumor. A melhor solução, afirmou o especialista as New York Times, seria a ampliação controlada dessas culturas de células em laboratório e, posteriormente, sua implantação no órgão.